Guia da cerveja - Uma
paixão sem fronteiras
Lá como cá, uma verdadeira paixão. Neste campo, no entanto, os alemães dão de goleada. Claro que não se trata de futebol. Em se falando de Alemanha, o assunto só poderia ser cerveja. Só para se ter uma idéia, o consumo de cerveja per capita na Alemanha é estimado em 130 litros ao ano, o que coloca o país como o segundo maior consumidor da bebida no mundo. Os campeões mundiais do consumo de cerveja? Acredite, a República Tcheca é a grande campeã. Apenas no primeiro semestre de 2005, os alemães consumiram nada menos do que 44 milhões de hectolitros. Nada mal para um país de clima temperado e inverno rigoroso. São cerca de 1.270 cervejarias espalhadas por todo o país, que produzem cerca de cinco mil marcas, de diferentes tipos e níveis alcoólicos, o que promete ser uma atração a mais para quem vai acompanhar a Copa do Mundo de 2006. Principalmente para os brasileiros, tão apaixonados por cerveja quanto por futebol. Quase todas as cidades têm sua cervejaria, como Munique, onde é realizada a Oktoberfest – a mesma que serviu de inspiração para a tradicional festa realizada anualmente em Blumenau, SC - a partir de 17 de setembro - e Dortmund, uma cervejaria local. Todas seguem à risca o que determina a Lei de Pureza estabelecida em 1516. Segundo ela, apenas água, lúpulo, malte e fermento podem ser usados no fabrico da cerveja. Nada de conservantes artificiais. O preceito da pureza da cerveja foi decretado, em 1516, pelo duque Guilherme 4º, da Baviera, e vigora até os dias de hoje. Em outros países, o Brasil inclusive, complementa-se ou substitui-se parte dos ingredientes por certos cereais com amido, como o arroz e o milho, o que barateia a produção. Na Alemanha, no entanto, só da purinha. O que difere regionalmente são as
características da cerveja e a forma como se bebe. A berlinerweisse,
por exemplo, de Berlim, é feita com malte de trigo, leva apenas
2,8% de álcool e sua temperatura ideal de consumo está entre 8 e
10 graus. Já a kölsch, produzida somente em Colônia e
arredores, tem 4,8% de álcool e é servida em copos de 200 ml. A
mais saborosa? Descubra, experimentando. Uma por uma. Um desafio
digno de verdadeiros campeões do mundo.
A cerveja é composta basicamente por água, malte (cevada germinada), lúpulo (planta aromática) e levedura. É obtida a partir da fermentação natural da cevada, na qual o açúcar existente nos próprios ingredientes é transformado em álcool. As diferentes variedades de cerveja correspondem às proporções utilizadas de cada ingrediente no seu processo de fabricação. A cerveja escura, por exemplo, é obtida pela caramelização do malte que a compõe, o que altera o seu aroma, sabor e aspecto finais. Basicamente, as cervejas são classificadas em cinco itens distintos: 1 – Pela fermentação: alta ou baixa fermentação; 2 – Extrato primitivo: leve – entre 5% e 10,5%, comum – entre 10,5% e 12%, extra – entre 12% e 14%, e forte – acima de 14%; 3 – Cor: clara - menos de 20 unidades EBC (European Brewery Convention) e escura - 20 ou mais unidades EBC; 4 – Teor alcoólico: sem álcool (menos de 0,5% em volume de álcool) e alcoólica (igual ou maior que 0,5% em volume de álcool); 5 – Teor de extrato (final): baixo – até 2%, médio – de 2% a 7%, alto – mais de 7%, e extra – de 12% a 14%. A classificação por fermentação – baixa e alta – distingue, basicamente, as duas grandes famílias de cervejas em todo o mundo: a Ale, de alta fermentação, e a Lager, de baixa fermentação. As de alta fermentação são aquelas cuja leveduras flutuam durante o processo, em temperatura entre 20°C e 25°C, após fermentar o mosto (o resultado da infusão da água com os demais ingredientes), gerando uma bebida de cor avermelhada, sabor forte, com teor alcoólico entre 4% e 8%, mais encorpada e que pode ser consumida à temperatura ambiente.
Um terceiro de tipo de cerveja, a Weissbier
ou Weizenbier, originária da Alemanha e fabricada com malte
de trigo e leveduras especiais, não contém variações suficientes
para ser considerada uma família. Mesmo assim, é muito difundida
por toda Europa, principalmente na Bélgica. Bock – Originária do norte da Alemanha. É uma cerveja escura, de sabor mais para doce do que para amargo e de alto teor alcoólico. Doppelbock (bock dupla) e a Eisbock são variações deste tipo de cerveja, com graduação alcoólica ainda mais fortes – até 7,5% e até 14%, respectivamente. Não é encontrada com facilidade por ser uma especialidade de temporada, sendo geralmente mais vendida em dias festivos. Münchener – O nome remete, obviamente, à cidade de Munique, de onde é originária. Apesar de ser uma cerveja escura ou preta, pode ser bem leve, com sabor forte de malte, semelhante ao café. Pilsen – Originária de Pils, na Boêmia, hoje parte da República Tcheca, em 1842, é o tipo mais conhecido e consumido em todo o mundo. De sabor delicado, leve, clara e de baixo teor alcoólico (entre 3% e 5%), sua principal característica é a cor dourada e translúcida. Em sua fórmula original, tem sabor suave e um aroma de flores, com presença acentuada do lúpulo. É servida nos copos em forma de tulipa ou troféu e é famosa pela sua coroa cremosa de espuma. É a preferida dos brasileiros. No Brasil, o consumo da pilsen chega a 98% do total, ficando o restante para as do tipo bock, light, malzbier e stout. A Baviera é o paraíso das cervejarias ao ar livre. Lá, ao se pedir uma cerveja, o torcedor receberá uma Weissbier, servida em grandes copos de meio litro. Mas vários tipos de lager são bastante consumidas na Baviera, assim como em Baden-Württemberg e nas regiões do Rio Ruhr. Bastante apreciada, esse tipo é mais turvo, de sabor um tanto forte e adocicado e passa por um processo de repouso, ficando armazenado durante um longo período, quase completando as quatro estações do ano. Em Düsseldorf, cidade cuja fama é a de ser o maior balcão do mundo, toma-se a Alt, mais escura e tem um sabor mais amargo. Costuma ser servida em copos menores, que não excedem os 200ml. Os moradores de Berlim também têm sua cerveja preferida: a Berliner Weisse, de sabor um pouco ácido, cor um pouco turva e servida em taças. Costuma ser apreciada também quando adoçada com glucose de frutas silvestres, como a framboesa e a aspérula. Pelo seu visual, é considerada exótica entre as cervejas. As mais escuras misturadas com coca-cola ou refrigerantes de sabor limão ganham o nome de Russ. Já as mais claras misturadas com refrigerante de sabor laranja chamam-se Alster. Existem as que são misturadas com tequila ou bebidas energéticas com alto teor de cafeína e também com sucos de banana ou de cereja. Os nomes, obviamente, são os mais exóticos possíveis: Bananenweizen ou Kirschweizen. Já a Kolsch, para a cidade de
Colônia, é muito mais do que uma simples cerveja: é uma
verdadeira tradição. Só para se ter uma idéia, a cerveja foi
declarada especialidade pela União Européia em 1997. Se um garçom,
regionalmente chamados de köbes, lhe oferecer uma kolsch,
nem pense em recusar, pois tal atitude pode ser interpretada quase
como uma desfeita. E Dortmund, onde a água é de alta dureza (rica em sais mineirais e demais componentes) permanente, é a cidade de origem da cerveja Dortmunder, bastante similar à Pilsen. Para finalizar, lembre-se de uma dica muito importante no momento de se confraternizar com os alemães: erga sua taça ou copo e clame o prost, vulgo tim-tim para nós brasileiros.
Atbier – Caracteriza-se pela grande quantidade de lúpulo e a cor tende mais para os tons escuros. Apesar disso, é de aroma leve. Barley Wine – Literalmente “vinho de cevada”, pois, ao contrário da maioria das cervejas, pode ser armazenada por anos. Nela, prevalece o sabor forte de malte e lúpulo. Bitter – Em inglês,
significa acre, amargo, em referência ao seu sabor. A sua cor vai
do âmbar ao cobre. Pale Ale – Tem cor de cobre, mai clara que a Brown Ale. Porter – Produzida com malte torrado, o que pode transferir para a cerveja aroma de chocolate e de café, com a cor variando do castanho ao preto. Stout – Cerveja bem escura, originária da Irlanda. No Brasil, a referência de Stout é a Caracu. Scottish Ale – A cor vai do ouro ao castanho. O sabor pode ser doce, maltado ou até mesmo defumado. Abadia – Cerveja de alta fermentação, com um sabor surpreendente, resultado do equilíbrio entre o amargor, a doçura e o teor alcoólico. Conheça a história da cerveja Há mais de 10 mil anos, o homem conheceu o fenômeno da fermentação e obteve as primeiras bebidas alcoólicas. Quase todos os povos primitivos elaboravam algum tipo de bebida alcoólica equivalente à cerveja, tida como a mais antiga consumida pelos homens. Evidências indicam que as primeiras bebidas deste tipo surgiram na região da Mesopotâmia. Os primeiros registros de fabricação de cerveja têm aproximadamente 6.000 anos. Os sumérios teriam descoberto o processo de fermentação por acaso. Já nos milênios 4.000 e 5.000 a.C. existiam diversos tipos de cerveja. Na Suméria, entre os rios Tigres e Eufrates, cerca de 40% da produção de cereais destinava-se às chamadas casas de cerveja – a fabricação da cerveja era então uma profissão tipicamente feminina. Com o desmoronamento do império sumério, os babilônios incorporaram a cultura suméria e, conseqüentemente, adquiriram o conhecimento para produzir cerveja. Foi através dos babilônios que os egípcios, por sua vez, aprenderam a arte de fabricar a bebida, levando a tradição pelos milênios seguintes. Além do pão, utilizado para fermentar, adicionaram também temperos para modificar o sabor da bebida. A cervejaria mais antiga foi descoberta por arqueólogos no Egito, data de 5.400 anos a.C. e produzia vários tipos de cerveja. No Egito, a cerveja ganhou status de bebida nacional. Além de ser utilizada nos rituais religiosos, também tinha grande aplicação na medicina, entrando na formulação de mais de 100 medicamentos. Com a ascensão de gregos e, posteriormente, do império romano, a cerveja continuou a ser fabricada, mas o vinho tornou-se a bebida da preferência destes povos. Na própria Roma, a cerveja era fabricada somente nas áreas onde o vinho era difícil de ser obtido. A cerveja passou então a ser a bebida das classes menos favorecidas, desde aquela época. Os povos do norte da Europa descobriram a técnica da cervejaria não muito antes da era cristã, já que a cerveja sempre foi consumida em países onde o clima e solo eram inadequados para a produção de vinho de uva. A prova mais antiga da fabricação de cerveja em solo alemão é uma jarra de cerveja encontrada em Kulmbach datada de 800 a.C. A partir da Idade Média, os conventos assumiram a fabricação da cerveja que, até então, era feita de forma doméstica. Foram os monges que tornaram popular o uso de lúpulo como fator de amargor da cerveja. Neste mesmo século, o Rei Ludwig, da Baviera, decretou uma lei favorecendo aos conventos a fabricação de cerveja, sendo os mais antigos os de St. Gallen, na Suíça, e os alemães Weihenstephan e St. Emmeran. Os beneditinos de Weihenstepham foram os primeiros a receber, oficialmente, a autorização profissional para fabricação e venda da cerveja, em 1040 d.C., e foi reconhecida como a cervejaria mais antiga do mundo em funcionamento. Na Idade Média, a produção da bebida passou a ser regulamentada por normas baseadas em receitas transcritas em conventos e abadias. A primeira regulamentação do processo de fabricação de cerveja deu-se na Baviera em 1516, pelo Duque Guilherme IV, que decretou a Lei da Pureza, mais antiga e conhecida do mundo. Esta determinava que os ingredientes que podem ser utilizados na fabricação são a cevada, o lúpulo e a água. A levedura de cerveja ainda não era conhecida na época e, somente mais tarde foi incluída na lei. O químico e pesquisador francês,
Louis Pasteur, revolucionou a indústria cervejeira ao publicar em
1876 um estudo sobre fermentação de microorganismos, que
resultavam na pasteurização, técnica bastante utilizada
posteriormente na fabricação da bebida. Em Pilsen, uma pequena
cidade da República Tcheca, os mestres cervejeiros descobriram, em
1839, a baixa fermentação, obtendo da cerveja uma cor clara, um
sabor mais suave e uma maior duração para o consumo, como ela vem
sendo apreciada até hoje. Para melhor saborear uma cerveja, é
necessário seguir algumas dicas que ajudam a conservar melhor a
bebida. Confira-as a seguir: 2 - Garrafas ou latas devem ser guardadas na vertical em lugar fresco e nunca devem ser agitadas. 3 – Mantenha a cerveja ao abrigo do sol e, se possível, longe de odores fortes. O sol pode produzir um aroma desagradável na cerveja conhecido por light struck (golpe de luz, em português). 4 - Para refrescá-la, a cerveja deve ser colocada no refrigerador, e não no congelador, uma vez que o choque térmico prejudica o seu sabor. Deve-se evitar pôr e tirar a cerveja do frigorífico, pois acelera o seu envelhecimento. 5 - A temperatura ideal para beber uma cerveja é entre os 3 e os 6 graus Celsius. Cervejas estupidamente geladas, bem ao gosto dos brasileiros, só servem para amortecer as papilas gustativas, o que impede de se apreciar devidamente todas as nuances da bebida. 6 – Canecas e copos pequenos de vidro são os mais indicados para servir a cerveja, pois mantêm a temperatura e a espuma da bebida. 7 - O copo deve estar perfeitamente limpo. Manchas de gordura ajudam na dissipação da espuma e do gás carbônico, deixando a cerveja choca. Caso decida gelar previamente o copo no congelador, deve-se retirar os cristais de gelo que se formam no interior do mesmo. 8 – Dois dedos de espuma são ideais para reter o aroma e evitar a liberação de gás carbônico. A espuma cremosa revela a persistência e o bom estado da cerveja. 9 - A diferença entre o chopp e a
cerveja é a pasteurização, que consiste num processo de
aquecimento e resfriamento rápido para conferir maior estabilidade
microbiológica ao produto. Enquanto a cerveja é pasteurizada, para
que seu prazo de validade seja mais longo, o chopp não é
pasteurizado. Por esse motivo, o chopp tem um prazo de validade
menor. Ou seja, tem de ser consumido mais rapidamente.
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