Para pegar lagosta ("lobster", em inglês), os pescadores
americanos, criaram, antes da Segunda Guerra Mundial, o "lobster boat",
um barco econômico, rápido e com bastante espaço no cockpit para levar
as armadilhas. Anos mais tarde, ele passou a ser usado também para lazer.
O Lobster Yacht 35, é um legítimo
representante desta estirpe. Elegante e feito com Lâminas de madeira
coladas com resina epóxi - um dos melhores processos de fabricação, por
aliar resistência, leveza e durabilidade - ele é bom para qualquer parte
da costa brasileira. E com apenas um motor diesel (Retipar 366), de 280 cv,
chega a fazer 22,7 nós. Em velocidade de cruzeiro, de 16,1 nós, sua
autonomia é de 413 milhas. Ou seja, quase dá para ir e voltar de Santos
ao Rio sem reabastecer!
Passeio e Pesca
Feito para passeios costeiros, o Lobster Yacht 35 esconde um espírito de
pescador: tem espaço, navega bem em mar com ondas e é econômico, pois
leva só um motor (de 200 a 280 cv).
Ele é assim...
O Lobster Yacht 35 tem portinhola para embarque, caixas para peixes e um
baú para tralhas na popa, além de braçolas laterais para evitar
respingos no cockpit, que é de madeira teca. A água que entra é drenada
para fora, pela gravidade. No piso há uma tampa para inspeção do leme.
Já o salão, com sofá e cortinas, abriga também a cozinha e posto de
comando. A mesa de centro é a tampa do motor. A iluminação natural é
ótima, mas a ventilação vem apenas de duas gaiútas no teto. No convés
inferior há um bom banheiro, duas camas de solteiro e um sofá que se
converte em mais duas camas. A ventilação é feita por quatro vigias e
uma gaiúta - também insuficientes, por sinal.
Comando no salão
Nem mesmo o posto de comando, que fica na cabine e tem um belo painel de
madeira, se parece com o de um barco de lazer comum.
Como ele navega
O mar estava agitado no dia do teste. As ondas e o vento dificultavam a
navegação e mesmo lanchas médias tinham de reduzir a velocidade. Com o
motor Retipar 366, o Lobster Yacht 35 tem velocidade de cruzeiro entre 16
e 18 nós. Cortamos as ondas de proa a 18 nós, sem batidas no casco. Com
as vagas de través, sentimos apenas um leve balanço lateral. Finalizamos
a prova em mar aberto, recebendo as ondas por uma das alhetas, condição
crítica para muitos barcos que, descendo as ondas, ganham velocidade,
mergulham a proa na onda da frente e acabam ao lado para a onda de trás,
sob risco de virar. Pois nosso barco manteve a estabilidade e o controle.
A manobrabilidade do Lobster Yacht 35 é boa e o raio de giro é pequeno
para ambos os bordos: basta se acostumar para encaixá-lo na vaga na
marina.
Jeito de mar
O salão agrega o posto de comando, a cozinha e a sala, onde a mesa de
centro é a tampa do motor. O cockpit é espaçoso, ao gosto dos
pescadores, que têm lugar para guardar as varas até no teto do salão,
além de um grande baú para tralhas. No convés inferior ficam as acomodações
para pernoite de quatro pessoas e o banheiro.
Motor? Só um
O Lobster Yacht 35 pode ter um motor diesel de 200 a 280cv, mas a potência
ideal é mesmo 280cv. Como seu casco não é planante, seria desperdício
um motor mais forte. O do barco testado era um de 280cv, de 6 litros, com
bloco básico Mercedes-Benz (preparado pela paranaense Retipar), acoplado
a um reverso ZF 220, com relação de transmissão de 1,5:1 e hélice
Hoffmann de quatro pás de nibral, de 540 x 470 milímetros. Não
decepcionou.
Clássica
A madeira ressalta as linhas clássicas e elegantes deste barco feito para
passear.
Com quem ele concorre
O Lobster é um tipo novo no Brasil. O modelo mais próximo a ele é o
Mergulhão 38, feito sob encomenda pela paulista Alumsystem, em Guarujá.
Dica de quem testou
Se for comprar, coloque mais gaiútas na cabine e janelas de correr para
ventilar o salão e o posto de comando.
A nossa conclusão
Além de ser muito bem acabado e com o charme da madeira, O Lobster Yacht
35 é leve e resistente. Pode navegar em regime de semi-deslocamento com
motor de potência relativamente baixa, o que se traduz em economia na
hora de comprar o motor e de encher o tanque. Como o barco que testamos é
o primeIro de uma série, os pontos negativos devem ser eliminados nas próximas
unidades. Como o alto ruído da motorização, a falta de cunhos à
meia-nau, a ausência de válvulas de fechamento de combustível nos
indicadores de nível dos tanques e a inexistência de portinhola ou desnível
que impeça a água de passar do cockpit à cabine - algo importante no
mar grosso. Mas o principal o Lobster Yacht 35 já tem: um casco eficiente
no consumo de combustível, bom de mar e feito por um dos melhores
estaleiros especializados em barcos de madeira laminada no Brasil.
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