Culinária Franco-Espanhola   -    LAGOSTA Á SALVADOR  DALI       

Tão exótico quanto sua vida e obra, Salvador Dali  cultuava hábitos alimentares bem sofisticados, quiçá extravagantes e diferentes para sua época, um dos seus pratos preferidos era a LAGOSTA COM CALDA DE CHOCOLATE E PIMENTA,  crustáceos que eram pescados pelos pescadores nativos da região, na cidadezinha de Cadaqués, pequena cidade de praia na divisa entre a Espanha e a França, lugar paradisíaco onde morou com sua companheira Gala, mulher que teve uma participação expressiva e preponderante em sua vida, porque não dizer também na sua loucura e extravagância. Uma verdade é que pra gostar dum prato desses, não se pode ser muito louco, mas sim de extremo bom gosto, por isso talvez citou: 
"A única diferença entre eu e um louco é que não sou louco". 2010, 106 anos do nascimento do gênio do surrealismo. Abaixo, veja mais sobre Salvador Dali e Gala. ( R L P)

Modo de fazer: Descasque os camarões preservando a cabeça e colinha. Tempere com sal, pimenta e limão reservando por alguns minutos na geladeira. Numa frigideira, com um pouco de óleo de milho, frite o alho picado até ficar dourado e crocante, reserve. Neste mesmo oléo acrescente a manteiga e o azeite de oliva sauteie a cebola até dourar, ato continuo frite os camarões ou a carne de lagosta cortada em 2 medades longitudinais. adicione o conhaque e flambe. Retire os camarões e mantenha em um lugar aquecido. Junte á frigideira a maça descascada e cortada em cubos junto com os cogumelos fatiados em lâminas. Refogue por aproximadamente 3 minutos, polvilhe com a farinha e cozinhe por mais 2 minutos em fogo baixo. Adicione o creme de leite e o conhaque, até ficar aquecido. A parte, rale o chocolate e derreta em banho-maria deixando disponível para hora de servir.

Montagem do prato: Faça um fundo no prato com o refogado de maça, cebola, cogumelos e creme de leite. Disponha os camarões ou a lagosta harmoniosamente, salpique com o alho torrado em seguida derrame um pouco da calda de chocolate sobre os crustaceos e a pimenta Tabasco, sirva com arroz branco e batatas cozidas salteadas na manteiga.Finalize com uma decoração de salsa. Bom apetite!

Enquanto morou na Casa do Estudante da Universidade, manteve uma grande amizade - segundo vários biografos, um "amor platônico" - com o poeta Federico Garcia Lorca, com quem desenvolveu muitos projetos artísticos de vanguarda. Sua primeira exposição individual, em 1925, recebeu rasgados elogios de Pablo Picasso. Em 1929, dividiu com o cineasta Luís Buñuel a criação do filme "Um cão andaluz". A cena do olho cortado com navalha é uma das mais chocantes de toda a história do cinema. O cenário artístico da Espanha começou a ficar pequeno para conter o gênio criativo de Dali. Levado por Gala Élouard passou a participar do grupo de pintores e escritores surrealistas na França. O surrealismo foi um movimento literário e artístico surgido na Europa no final da 1ª Guerra Mundial, que se propunha a romper com o conformismo, liberando as formas de expressão de todos os "entraves" da moral e da consciência.

Gala
É impossível dissociar da figura de Salvador Dali a de sua companheira, musa, marchande e "marqueteira", a russa Helena Diakonova (1884/1982) - mais conhecida como Gala. Gala sempre se colocou à frente dos dois grandes homens com quem conviveu, para impulsioná-los.

Tuberculosa, foi enviada pela família no natal de 1913 ao sanatório de Clavadel. Lá, conheceu o poeta Paul Élouard - com quem se casou em 1917 - e passou a frequentar o movimento surrealista parisiense.

No verão de 1929, o casal Élouard viajou para Portlligat, o refúgio de Dali. Durante um fim de semana, Gala e Dali - que se dizia virgem - apaixonaram-se e fizeram o pacto de jamais se separarem. Gala abandonou o marido para acompanhar o mais delirante artista do século XX.

São deste momento especial da vida do casal algumas das obras que firmaram a reputacão de Dali como um dos maiores representantes do Movimento Surrealista: "O grande masturbador","O espectro do sex-appeal" e "Persistência da Memória".

O crítico paranóico
Os principais artistas surrealistas - Breton, Elouard, Aragon, Ernst, Miró Dali, entre outros - incorporaram, influenciados pelas idéias de Freud e Jung, a idéia de que tinham a "missão" de prover a humanidade com tudo que escapa à consciência, dando absoluta importância ao irracional, ao sonho e à loucura.

Dali se autodenominava "crítico paranóico" e acreditava que sua genialidade era capaz de estimular um estado de loucura sem usar drogas, sendo capaz de reproduzir alucinações e voltar, em seguida, ao estado de consciência plena.

O Surrealismo, que começou como um movimento literário francês, logo ficou popular em todo o mundo da arte. Embasado na arte primitiva, aceitava o uso de formas e objetos nas mais estranhas e distorcidas maneiras. Mas o uso abusivo de elementos escatológicos em suas obras fez com que Dali fosse expulso do grupo.

Marketing pessoal na América
A ocupação nazista da França provocou um grande êxodo nas artes e na literatura e levou o casal Dali para os Estados Unidos.

Rompido com os surrealistas, Dali passa a fazer palestras, participa de happenings, escreve uma autobiografia, textos para cinema, teatro, libretos para óperas e ballets. Cria a "sequência do sonho" para o filme "Quando fala o coracão" de Alfred Hitchcock e desenvolve, com Walt Disney, um projeto de desenho animado (Destino) que não foi concluído.

Na América, as extravagâncias de Dali, estimuladas por Gala, se tornaram lendárias. A criatividade de Gala produzia atitudes pouco convencionais de marketing pessoal que valorizavam ainda mais as obras do marido.

Talento diversificado
   Lembranças nostálgicas da Renascença inspiraram as primeiras jóias. Dali as confeccionava com material nobre (ouro, esmeraldas, rubis, diamantes) e lhes colocava nomes exóticos como "Elefante espacial" e "O Olho do tempo". 
Gala saía diariamente de casa, como simples vendedora, para tentar passar as criações de Dali - julgadas ousadas demais para um consumidor "normal". Destes momentos de delírio ficaram para a posteridade as obras "Autoretrato com bacon frito", "A cesta de pão", "Leda Atômica" e "A Madona de Portlligat". Antes de voltar à Europa e se instalar definitivamente em Port Lligat, Dali illustra a reedição de algumas obras célebres, entre elas "Ricardo III" - de Shakespeare, "Don Quixote" - de Cervantes, "A Divina Comédia - de Dante e "Alice no País das Maravilhas" - de Lewis Carrol.

O bom filho à casa torna
Ao voltar para a Espanha, Dali divulgou que se tornara católico praticante. Em 8 de Agosto de 1958, Dali e Gala casam-se na Capela dos Anjos. A religião passa, então, a ser tema central de suas obras e Dali se posiciona a favor do ditador Francisco Franco. Em dezembro do mesmo ano, o artista apresenta um meio de transporte revolucionário: uma esfera ôca que podia conter um passageiro. Religião, história e ciência foram temas de suas obras nos anos 50 e 60: "Galatea das esferas", "Corpus Hipercubicus", "O descobrimento de América por Cristóvão Colombo".

Comendador High Tech
Sempre na crista da onda das artes, Dali é condecorado com a Grande Cruz de Isabel, a católica - a mais alta condecoração da Espanha. 1972 é a vez da holografia: em Nova York, Dali participa de exposição com obras holográficas. 
Em 1978, é eleito para a Academia de Artes da França e apresenta, na América, sua última paixão de Dali: a pintura estereoscópica.

"Os gênios não deviam morrer"
 Durante a década de 70 Dali idealizou, criou e inaugurou o Teatro-museu Dali em Figueira, sua cidade natal.
Ali está exposta uma grande colecão de suas obras, desde os primórdios do Surrealismo até as dos últimos anos de vida.

Com a morte de Gala, em 1982, passou a morar no castelo de Pubol.
Em 1983, criou a Fundação Gala-Salvador Dali, que administra seu legado artístico e intelectual.

A última aparição pública de Dali na televisão mostrou um homem esquálido, com cabelos ralos e um tubo nasal pelo qual se alimentava há 4anos.

Encerrou a entrevista com as mãos trêmulas, muito agitado, gritando e repetindo várias vezes que "os gênios não deviam morrer".
O grande Mestre, louco genial, morreu em 23 de Janeiro de 1989, na Torre Galatea. ( Thereza Pires )

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