Culinária francesa, a fonte da boa culinária   Molho Béarnaise

História: Em honra ao rei. O molho béarnaise tem o nome de quem nasce na região de Béarn, no sudoeste da França – mas ele próprio não nasceu ali. O nome é uma homenagem enviesada a Henrique IV (1563-1610), primeiro da dinastia Borrbon e filho ilustre da cidade de Pau, na região de Béarn. A alquimia que envolve o preparo do molho surgiu das mãos hábeis de um certo Collenet, de quem só se sabe que era cozinheiro do restaurante Pavillon Hneri IV, em Saint-Germain-en-Laye, a noroeste de Paris, por volta de 1830.Talvez inspirado no nome do restaurante, Collinet decidiu honrar o rei, a sua maneira – dois séculos depois da sua morte.

Porção para 4 pessoas, tempo de preparo 10 minutos.

Ingredientes:
- 2 cebolas rochas média, picada bem miudinha
- 180 gramas de manteiga
- ½ copo de vinho branco seco
- ½ copo de vinagre de vinho branco
- 1 colher de sopa bem cheia de estragão
- 1 raminho de tomilho
- 1 folha de louro
- 4 gemas
- sal, pimenta branca moída na hora a gosto, salsinha picada e gotas de limão.

Modo de Preparo:
Não é difícil fazer um molho béarnaise, mas é preciso ter muito carinho e atenção. Mistura-se a cebola com o vinho, o vinagre, o tomilho, louro e o estragão numa panela de cobre e leva-se para ferver em fogo brando até que o líquido se reduza a um quarto da quantidade inicial. Depois de coado em chinois, adicionam-se as gemas, ainda em fogo brando, batendo sem parar. Quando estiverem cozidas, isto é, misturadas ao líquido, com a consistência de um creme, tira-se a panela do fogo. Rapidamente, em outra panela, derrete-se a manteiga, que não pode dourar, pois a espuma que ela faz ao derreter se separará do restante – o que será fatal para o molho. A manteiga deve ser escorrida aos poucos sobre a mistura das gemas com o líquido, sem parar de bater até se obter um creme homogêneo. Caso o molho desande, com a manteiga derretida transformada em pedaços no meio do líquido, basta colocar em outra panela com uma colher de sopa de água, levar ao fogo brando ou no banho-maria e ir juntando aos poucos o molho desandado, batendo sempre. O batedor deve ser de arame, em forma de pêra. Então, resta misturar o sal, a pimenta moída na hora, as gotas de limão, a salsinha picada e levar o molho imediatamente à mesa. Depois de pronto,  o molho não deve ser aquecido ou levado à geladeira.

Química: a ciência do Molho Béarnaise. Quando menos se espera, uma das glórias da cozinha francesa desanda. Os cientistas explicam porque às vezes isso ocorre e porque às vezes não. Á primeira vista parece simples: de fato, não há dificuldade alguma em ferver um punhado de estragão e cebola picada numa mistura de vinagre e vinho até que boa parte do líquido tenha se evaporado. Depois de coada,a infusão volta ao fogo brando e a ela acrescentam-se gemas. Em seguida, já fora do fogo, manteiga derretida, aos poucos e sem parar de bater. Sal, pimenta, umas gotinhas de limão, salsinha picada e está pronta uma das glórias da cozinha clássica francesa: o molho béarnaise, fino acompanhamento para aves, peixes e, principalmente, carnes grelhadas. Mas, como bem sabem os doutores do forno e fogão, as aparências enganam. Esse é um dos molhos mais difíceis de fazer. Só quem já se aventurou a prepará-lo conhece as armadilhas escondidas na operação. Pois, mesmo que o cozinheiro não tenha feito nada de errado, a iguaria pode desandar quando menos se espera. A arte de cozinhar, que não é senão provocar reações químicas entre substâncias, tem dessas coisas. Mas aquilo que pode parecer um insondável mistério, como a causa do desastre de uma sauce tão ingênua, se explica pela teoria científica – a rigor, por duas teorias. É FUNDAMENTAL A HARMONIA ENTRE FORÇAS CONTRÁRIAS. O risco está justamente no fato de que o molho béarnaise resulta de coisas que não se misturam como água (contida no vinagre e no vinho) e gordura (da manteiga). Por isso, a mistura pode transformar-se, em questão de segundos, numa espécie não exatamente apetitosa de flutuantes ovos mexidos. É o que os químicos chamam de floculação – isso quando ainda houver alguma chance de recuperar a mistura, por meio de artifícios que os cozinheiros profissionais conhecem bem. Mas, se tais macetes culinários falharem, é porque aconteceu o pior: a chamada coagulação, um fracasso literalmente irreversível. A tragédia pode ter suas causas no superaquecimento, por puro descuido do mestre cuca- pois o molho exige cozimento em fogo brando, de preferência em banho-maria, e também nos processos físico-químicos que têm a ver com a composição dos ingredientes usados na receita. Pelas classificações da Química, molhos do tipo béarnaise pertencem à categoria das emulsões ou suspensões coloidais. Ou seja: partículas líquidas de gordura suspensas em outro líquido, no caso, o que resultou da infusão do vinho, vinagre etc. Quem se sai bem ao preparar esse molho saiba que conseguiu uma proeza – harmonizar os contrários. O mérito não é só do chef. Às vezes, sem que se dê conta, ele foi ajudado pela interação correta entre partículas de gordura, graças à qual elas se mantém em suspensão. Essa interação, que envolve forças de atração e repulsão, é que assegura a estabilidade e consistência a um béarnaise. Qualquer alteração nos ingredientes – na quantidade ou na qualidade – ou no modo de prepará-los pode romper o sutil equilíbrio que determina a intensidade daquelas forças, levando o molho ao lixo. Duas teorias explicam por que uma preparação como essa, fruto de substâncias que não se misturam, pode dar certo – ou não. Uma delas diz respeito às já citadas forças de atração e repulsão. PARTÍCULAS QUE SE REPELEM ASSEGURAM ESTABILIDADE.  As forças de atração das partículas, chamadas forças de Van der Waals (VDW) em homenagem a seu descobridor, o físico holandês Johannes Diederik van der Waals(1837-1923), deveriam fazer com que as partículas se aglomerassem. No entanto, isso ocorre, porque existem forças de repulsão. Elas se originam quando as partículas de manteiga entram em contato com o líquido e recebem a carga elétrica proveniente do ácido acético que contém o vinagre. As partículas de manteiga se comportam como se fossem bolinhas carregadas  de eletricidade. Essas cargas, se forem positivas, vão atrair cargas negativas e vice-versa. Em volta de cada bolinha se estabelece, portanto, o que os cientistas chamam de dupla camada elétrica difusa. Assim, quando elas se aproximam, atraídas pelas forças VDW, suas cargas elétricas interagem criando forças de repulsão – forças Coulomb, descobertas pelo físico francês Charles Augustin de Coulomb (1736-1806). Como as partículas estão em agitação, devido ao calor, conseguem se manter equilibradas (ou seja, sem se agregarem) e em conseqüência o molho fica homogêneo. SE, entretanto, ocorrer um superaquecimento, eliminando as cargas elétricas na sua superfície, as partículas de manteiga, em vez de se repelirem, se juntarão – e adeus molho béarnaise.  A segunda teoria baseia-se no efeito emulsificante da lecitina, substância da gema do ovo, numa suspensão de óleo em água. É que a lecitina possui geralmente em uma das suas extremidades uma cadeia de átomos de carbono e hidrogênio chamada lipofílica, porque é solúvel em gordura. Logo , o grupo é atraído para dentro das partículas de manteiga. Na outra extremidade há um grupo de átomos chamado polar (eletricamente carregado), que por sua vez é atraído pela água – e essa atração separa para sempre a carga negativa da positiva. No caso do molho béarnaise, as partículas de manteiga são revestidas pela lecitina e a isso os cientistas denominam emulsificação. Ou seja, a lecitina se orienta de forma que sua extremidade lipofólica se enterre nas partículas de manteiga, enquanto a extremidade polar é atraída pela água. Assim se forma – sempre segundo esta teoria – uma firme superfície carregada ao redor de cada partícula, impedindo sua fusão com as outras. Dessa forma o molho não desanda. Processo semelhante ocorre com os sabões e detergentes no processo de limpeza. Além da lecitina, a gema do ovo contém colesterol, outro agente emulsificante e velho desafeto do coração humano. A diferença entre a lecitina e o colesterol é que enquanto a primeira favorece a suspensão de óleo em água, o colesterol, ao contrário, favorece a suspensão de água em óleo. Para que  as gemas cumpram seu papel no preparo do molho béarnaise, é preciso que a lecitina predomine sobre o colesterol, para isso é necessário utilizar ovos frescos. Isso porque, com o tempo de armazenamento, a lecitina se decompõe progressivamente, perdendo suas propriedades. Já o colesterol não se altera. A predominância do colesterol sobre a lecitina faz o molho desandar. Enfim, para evitar pontos de superaquecimento durante o preparo, o ideal é usar uma panela de cobre, que garante calor uniforme, ou uma panela de inox, que obtém o mesmo efeito em banho-maria. Experiência realizadas em laboratório indicam que a temperatura ideal para o cozimento é de 65 graus. A 70 graus, o molho flocula; acima dessa marca, é coagulação na certa. Nesse caso, o recurso é começar tudo de novo – ou mandar buscar uma pizza na esquina.

 

   Escreva pra gente, mande sua receita, sugestões, dúvidas.       Voltar ao Menu Principal

 

Itajaí ... aporte aqui ... Fotos da cidade de Itajaí, click na imagem para ampliar.

RPM  CONTATOS : Itajaí - SC - Fones (47) 3344-2469 - 9983-7264 - 9905-1190 - rpm@posto7.com.br

Este site, domínio posto7, bem como seus sub-domínios, tem caráter meramente cultural e informativo, as publicidades aqui  anunciadas são de ordem cooperativo sem fins lucrativos. As fontes de pesquisas, livros e páginas da Internet, fotos da internet, quando conhecidas, atribuímos os créditos, do contrário, ficamos ao inteiro dispor de algum autor ou proprietário ao direito de imagem ou texto para nos informar do crédito, no que será prontamente atendido, doutra forma se não desejar que continue usando, favor solicitar  a retirada, no que será prontamente atendido. Sob consulta, permitimos a publicação de matérias e imagens publicadas em  nosso domínio. .